De Marco Gemaque
“Dois gêmeos
A e B idênticos, estando o irmão A em uma nave espacial na qual ele viajará a
uma velocidade muito próxima de c (Velocidade da Luz)
- enquanto o outro, B, permanece em repouso na Terra.
Para B, a nave está se movendo, e por conta disso ele pode afirmar que o tempo
está correndo mais lentamente para seu irmão A que está na nave. Analogamente,
A vê a Terra se afastar, pelo que ele pode, da mesma forma, afirmar que o tempo
corre mais lentamente para B.
Quando a nave retornar à Terra, qual
dos dois efetivamente estará mais jovem?” (1)
Em 1961, quando Yuri Gagarin chegou a
Brasília, a primeira coisa que eu pensei foi no Paradoxo dos Gêmeos. Agora, 50
anos se passaram, onde estão os gêmeos? Paradoxos ainda há. Para o A, ou
o tripulante de uma nave espacial, passaram-se apenas 5 anos, enquanto para o B,
o que ficou na Terra, passaram-se os 50 anos. Logo, o A ficou mais
jovem.
Desta feita, imaginei uma conversa
entre o astronauta Yuri Gagarin e o arquiteto Oscar Niemeyer:
– “A Terra é azul”,
Oscar.
– “Não é o ângulo reto
que me atrai, nem a linha reta,
dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva
livre e sensual, a curva que encontro
nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no
corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein.”
(2) – Completou Oscar.
– É verdade. –
Confirmou Yuri.
Agora, “Dois homens – Oscar e Yuri – com
pensamentos idênticos, estando Yuri em uma Nave Espacial aterrissada, Brasília,
na qual ele viaja a uma velocidade muito próxima da Esperança (Velocidade da Política) enquanto Oscar viaja sobre uma linha curva no
espaço sideral de Einstein.
Para Yuri, o Mundo está se movendo, e por conta disso ele pode afirmar que a
Esperança está correndo rapidamente para o Oscar que está no Espaço.
Analogamente, Oscar vê o Mundo se afastar, pelo que ele pode, da mesma forma,
afirmar que a Esperança corre mais rapidamente para Yuri.
Quando a nave retornar à Terra, qual
dos dois efetivamente estará mais jovem?” Ambos ficaram eternos. Oscar por
desafiar as leis do senso comum ou ousar; Yuri por ter desafiado o senso comum
e ter ousado também. E ambos desafiaram a gravidade da gravidade dos fatos – a
esperança de um mundo melhor.
– “A impressão que
tenho é a de estar chegando num planeta diferente”, disse Yuri ao chegar a
Brasília, no meio da Praça dos Três Poderes, sito no centro do triângulo
equilátero idealizado por Lúcio Costa.
– “O ruim de Brasília é
que quando a gente chega lá percebe que a cidade está inacabada”,
completou Oscar.
Eis o Paradoxo de Brasília. Ou o
Paradoxo da Política:
Duas naves que deveriam ser idênticas
ou sem relatividade: Brasília (a Nave-mãe) e a Nave dos novos satélites ou
Cidades Satélites, estando Brasília em uma nave espacial na qual ela viajou, ou
viaja, a uma velocidade muito próxima do imediatismo (Velocidade da
Política de Interesses) enquanto os satélites permanecem em repouso na Terra.
Para os novos satélites, a Nave-mãe está se movendo rapidamente, e por conta
disso eles podem afirmar que o tempo está correndo mais lentamente para
Brasília que está na Nave-mãe. Analogamente, a Nave dos satélites vê a Terra se
afastar ou a Nave-mãe a levá-la e levando a esperança, pelo que ela pode, da
mesma forma, afirmar que a política corre mais lentamente para os novos
satélites.
Quando a nave retornar à Terra, qual
dos dois efetivamente estará mais jovem?
Agora, mais de 50 anos se passaram. E
há 53 anos surgiu a nave Espacial de Oscar e há mais de 50 anos Yuri esteve no
espaço sideral, em Brasília. Para Brasília, os seus tripulantes ou seus Reis,
se passaram apenas 5 anos, enquanto para os novos satélites, os esquecidos,
passaram-se os 53 anos. 53 anos de gravidade real – abissal cheia de ranhuras.
Rugas.
Assim
Brasília ficou mais jovem. Sempre jovem. Não perdeu uma curva, esteticamente.
A gravidade da arte a imitar a vida e a
gravidade da vida a imitar a arte anularam a esperança da outra nave ou
acionaram a gravidade da gravidade dos fatos, cujo peso da vida real
desequilibra os belos Palácios que parecem ter nascidos alvoradas.
Aquela gravidade da arte – com seus palácios
refletindo o infinito – foi feita para levantar tudo ao seu redor e esta
gravidade da vida – com seus Reis dentro dos palácios refletindo a imagem de
tudo e todos – foi feita para caber todos dentro dos grandes pratos, dentro da
grande praça, dentro das torres, dentro dos grandes palácios... dentro do
grande triângulo de Lúcio Costa.
A arte é um grande paradoxo porque imita
a vida real e/ou a vida real é um grande paradoxo porque imita a arte.
Agora, a vida-arte ou arte-vida não cabe
somente paradoxos. Não cabe sonhos desenfreados ou imediatistas: 50 em 5 ou 50
em 500 anos de História. Ou seja, não podemos transformar um quadrado num
triângulo. Melhor: não se faz um triângulo com apenas dois lados:
Porém, um triângulo, e triângulo
equilátero, faz-se com três lados ...
MEIO. E
FIM.
COMEÇO. E FIM
COMEÇO.
MEIO
MEIO. E
COMEÇO.
FIM.
Brasília não é mais a meta síntese; porém,
a síntese. E é simples, complexo e síntese. É a síntese de um Brasil inteiro. Mulher,
homem e mulher-homem ou homem-mulher; reto, curvo e reto-curvo ou curvo-reto;
preto, branco e preto-branco ou branco-preto, praça, teatro e porão...
Há que ser síntese, mas com começo, meio
e fim; Poder Legislativo, Executivo e Judiciário numa grande praça brasileira,
a Praça do Poder Poder Poder, logo todos com o Poder de Poder Poder.
MULHER,
HOMEM E MULHER-HOMEM
OU HOMEM MULHER
RETO, CURVO
E RETO-CURVO OU
CURVO-RETO
ARTE,
VIDA E VIDA-ARTE OU
ARTE-VIDA
DIREITO, CENTRO
E ESQUERDO
NÓS VÓS ELES
EU TU ELE
PODER PODER.
PODER
O
Eis um Não-Paradoxo:
“Dois brasileiros A e B democraticamente
iguais, estando o brasileiro A em uma nave espacial triangular equilátera,
Praça dos Três Poderes, na qual ele viajará a uma velocidade muito próxima da
esperança (Velocidade do
Poder Poder Poder) enquanto o outro Brasileiro, B, permanece em movimento
também; porém, fora do triângulo da esperança, dentro de um Satélite ligado a
muitos satélites ou uma cidade de satélites, um País satélite.
Para B, a nave está se movendo, e por
conta disso ele pode afirmar que o tempo está correndo mais lentamente para seu
irmão brasileiro A que está na nave triangular equilátera.
Analogamente, o brasileiro A não vê a
cidade de satélites se afastar, pelo que ele pôde, da mesma forma, afirmar que
o tempo corre mais lentamente para brasileiro B também, tempos iguais.
Ou seja, o Brasileiro A está acoplado ao
Brasileiro B, onde um vai o outro vai atrás, direitos iguais ou a
simultaneidade não é relativa, pois o que os liga é um lado do triângulo
chamado EDUCAÇÃO que cessa todos os paradoxos.
A EDUCAÇÃO arquitetada sobre começo meio
e fim: sem pular do 5 para o 50 ou do A para o Z, sonegando o processo natural.
B
- E D
U C A
Ç Ã O -
B
R
R
A
A
S S
I
I
L L
E E
I I
R R
O
O
AB CD EF GH ...
NOTAS
(1) PARADOXO
DOS GÊMEOS. In: Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_dos_g%C3%AAmeos
>. Acesso em: 02 jul 2012.
(2) OSCAR
NIEMEYER. In: Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Niemeyer>.
Acesso em: 02 jul 2012.
(3) HOFFMANN,
Bruno. Para Yuri Gagarin, Brasília era um planeta diferente. Disponível em:
<http://www.almanaquebrasil.com.br/curiosidades-historia/6522-para-yuri-gagarin-brasilia-era-um-planeta-diferente.html>.Acesso
em: 03 de jul. de 2012.
(4) ROSA,
Mariana. 104 anos. Disponível em: <http://www.gpsbrasilia.com.br/noticias/525/154402/104Anos/?slA=1890>.Acesso
em: 03 de jul. de 2012.