quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Humano-exato

Por Marco Gemaque

Humano-exato

É muito fácil preencher lacunas do conhecimento, porém a personalidade não se atinge com software ou qualquer outro mecanismo do mundo contemporâneo. Há, sem sombra de dúvida, uma contribuição importante para a cidadania este advento, a globalização, que começou na baixa Idade Média e está no nosso clique do dia a dia. Entretanto sem o apoio familiar, o outro nome do bom senso que freia o excesso legado pela tecnologia da informação, voltaremos aos dias pregressos da história.

Há uma “fórmula” muito complexa a ser resolvida nas bases sociológicas brasileira: um buraco negro deixado pela falta de cumutatividade no processo civilizatório. O Brasil passou muito rápido da enxada à televisão digital. Logo, o afã, em todos os níveis da sociedade, em relação ao novo, sonegando o processo pedagógico, nos deixa perdido entre GPS e a mais nova versão do Windows.

Se não houver consciência da complexidade da educação sob a égide da tecnologia.... Esvair-se-á esta com suas múltiplas formas de utilização e, assim, legar-nos-ão o óbvio: uma Web como um telefone muito barato e acessível ou de um correio cada vez mais abreviado, isto é, a língua portuguesa, em nível digital, cada dia mais maltratada nos blogs e MSN.

Compreende-se que a inovação tecnológica a serviço da cidadania implica informação e sabedoria, a fim de gerar uma ciência humana e exata. Exata o suficiente pra ser humana e humana o suficiente pra ser exata. Eis uma dicotomia nos novos tempos.





sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A loteria dos concursos públicos no Brasil - Notas mínimas de um País mínimo


By Marco Gemaque

Notas mínimas de um País mínimo


Foram os chineses que inventaram o ingresso a órgãos públicos por via de uma seleção de provas objetivas: o concurso público. E o filósofo alemão Heidegger o trouxe para o ocidente, a fim de diminuir a ingerência política do Estado. Logo, o mundo todo copiou, porém, ao longo do tempo, se transformou numa batata quente, principalmente em países desenvolvidos, a contramão do neoliberalismo, pois aumentava os gastos públicos e a terceirização seria um ótimo caminho. O Brasil é um dos poucos países no qual há ingresso para o funcionalismo público para semi-analfabetos (o ensino fundamental incompleto). Não vamos entrar na questão do analfabetismo funcional, pois seria uma hecatombe na manhã da folha. Na esteira da globalização, o inocente jogo de azar transformara-se numa máquina de fazer dinheiro, financiando casas, atletas, educação, etc. Este, et cetera, o crime também. Fez-se, então, o concurso público ou/e a loteria. Esta transformando muitos pobres em milionários da noite pro dia e aquele, sonho de todo brasileiro em nível congênito, um caminho para a estabilidade ou um contraponto para a ingerência nacional( quimeras mil um castelo de autoafirmação que se ergueu ). Alguns coitados milionários ficam pelo meio do caminho: ora pela falta de cumulatividade, passando muito rápido de Assistente Administrativo a Antônio Ermírio de Moraes, ora pelos gananciosos de plantão. Lembrando Alguns concurseiros entram pra fazer uma prova como se tivesse entrando numa casa lotérica. Bingo! Cartão resposta ou bilhete lotérico?; Certo ou errado?; 34,60,45,87,29?; A idade de toda família ou a data de nascimento de cada um?; 73, b, 44,c,Todas estão corretas? (...) Eis a nossa esquizofrenia.
Quem disse que passar num concurso público é mais difícil que ganhar na loteria? A prova irrefutável desta mentira: milhares de concursos realizados pelas maiores instituições do Brasil. Então, vamos a justificativa da assertiva acima. O edital para o ingresso da AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ), EDITAL N.º 1 – ANTAQ, DE 5 DE DEZEMBRO DE 2008, autarquia federal, cuja responsabilidade sobre o certame é do CESPE (UNB). Notei uma diferença no conteúdo programático para o concurso de 2009 em relação ao último, que foi em 2005, organizado pela mesma instituição (CESPE). Enviei o seguinte email para o CESPE: Por que incluir redação no curso de 2009, pois não houve redação no de 2005? Resposta: “devido ao número mínimo de acertos em 2005. Foram ingressados aos cargos com menos de 50% de acertos.” Sabemos que o CESPE formula uma prova de CERTO ou ERRADO com 110 assertivas que significa 110 pontos. Segundo o Edital “será reprovado nas provas objetivas e eliminado do concurso público o candidato que se enquadrar em pelo menos um dos itens a seguir: a) obtiver nota inferior a 6,00 pontos na prova objetiva de Conhecimentos Básicos (P1);10b) obtiver nota inferior a 24,00 pontos na prova objetiva de Conhecimentos Específicos (P2);c) obtiver pontuação inferior a 33,00 pontos na soma das notas obtidas nas provas objetivas P1 e P2.” Verificando o arquivo do CESPE, http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2004/ANTAQ2005/, identifiquei o absurdo que fez Martin Heidegger tremer no túmulo. Para o cargo de TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS/BRASÍLIA/DF. A 8º colocada, Jucie Oliveira Marciel, obteve 63.00. Isso significa 57,27 % de acertos de uma prova com 110 questões, ou seja, quase a metade. Ela estava dentro do número de vagas que era 8 vagas para Brasília/DF; ou o 7º colocado para Belém, Delmare de Castro Sacramento com 59 pontos de 110, ou seja, 53,63 % da prova. Esses são alguns exemplos de vários, tanto para nível superior como para nível médio. Neste link há todo resultado do concurso que oferecia cargos para técnicos (Nével Médio) e analistas (Nível Superior) : http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2004/ANTAQ2005/arquivos/ED_2005_ANTAQ_6_RES_FIN_OBJ_E_DO_CONC__NM__E_PROV_DIS__NS_.PDF.
Longe de imaginar que esses candidatos acima chutaram, longe.

Seria possível, como numa loteria, qualquer pessoa das 110 questões acertar 55%, ou seja, 60,5 .Deixando em braco algumas e com a ajuda do CESPE anulando 10 ou 15 das 110. Número esse suficiente para o ingresso em uma autarquia federal com salários entre 4.205,27 e 8.389,60. Fiz a seguinte experiência: coloquei a mesmíssima prova nas mãos de um primo meu de 12 anos. Este teve um número de acerto de 62,3% , ou seja, 56,1 das 110 (deixando em branco 10 e mais 10 anuladas):90. O amiguinho de minha sobrinha de 10 anos. Este acertou 60% ou seja, 66 das 110 (deixando em branco 9 e mais 10 anuladas): 91, ou seja, estaria entre os aprovados. Não acreditei e continuei. A terceira foi um adolescente de 15 anos, sem fazer nenhuma análise, apenas à maneira lotérica. Ele acertou 58%, ou seja, 52,2 da 110 (deixando em branco 10 e mais 10 anuladas): 90, isto é, seria uma das primeiras colocadas, tentando o ingresso para técnico em Belém. Finalmente, fui atrás de um amigo, o “Loberto”, um fanático por loteria, porém nunca tentou a sorte num concurso público. Dei-lhe os cadernos, nível médio e nível superior, de questões. Fez uma cara, típica de um jogador veterano de loteria, e começou a marcar. Em alguns minutos, entregou-me. Conferi o gabarito. “Loberto” acertou 73 % da prova para nível técnico e 60 % nível superior(dentro da mesma lógica dos anteriores: deixando em branco e com a ajuda do CESPE). Agora, qual a solução para impedir o chutômetro dos Lobertos Brasil afora? O próprio CESPE tem a resposta, e medíocre, pra solução, que sempre o faz em seus concursos. E o fez no concurso do Ministério da Saúde 2008: “A nota em cada item das provas objetivas, feita com base nas marcações da folha de respostas, será igual a: 1,00 ponto, caso a resposta do candidato esteja em concordância com o gabarito oficial definitivo das provas; 0,50 ponto negativo, caso a resposta do candidato esteja em discordância com o gabarito oficial definitivo das provas” No bojo dessa regra, somando o número de acertos positivo e número de erros negativos. Loberto acertaria 59,5 em vez de 73 %, pois a porcentagem de erros teria um peso influente sobre os acertos, embora pífia também esta maneira, pois vale pra todos, no entanto a redação é de grande ajuda. Ainda assim esta a cada concurso está cada vez mais sugestionável: se o concurso é do Ministério da Saúde o tema da redação é “a humanização da saúde” ou “o caos da saúde no Brasil”. Mais: não há crédito sobre a redação, pois num universo de 120 pontos colocar uma redação com 10 pontos. Apesar de tudo O CESPE tem o costume de anular dez questões ou mais e fica por isso mesmo. No concurso do MS2008, foram anuladas 11 questões para nível médio. Anular 11 questões num universo de 120. Isto é o suficiente pra desclassificar um candidato que não as acertou e favorecendo pra quem as errou.

O mais deletério, nas provas de Certo e Errado do CESPE, é forçar o candidato a deixar várias questões em branco, ou seja, chegará um tempo que o mínimo de acertos para ingressar no serviço público será de 30% a 40% de uma prova ou nota 3 ou 4: uma regressão pedagógica.

Este é o Brasil, de notas mínimas de um País mínimo ou, como disse Reinaldo Azevedo, “Máximas de Um País Mínimo” , um Estado que acredita anacronicamente num país de funcionários públicos, ímpar no mundo, e não tem uma legislação específica pra falta de respeito aos cuncurseiros-consumidores. É isso, estamos à sorte, e sem logística, : alea jacta est.





P



quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A GENEALOGIA DO CAOS (a corrupção ambiental-desmatamento da ética)

By Marco Gemaque
A GENEALOGIA DO CAOS
(a corrupção ambiental-desmatamento da ética)

(?) Qual a relação entre um muro que caiu em consequência de uma trovoada, em Belém do Pará, pertencente à Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) e a ocupação de terra conhecida como “Invasão do Jacaré” sita na mesma rua? E ambas com o meio ambiente?
Há uma relação entre os fatos, cuja gravidade é um mecanismo complexo, e que, ao longo da História, é uma inércia comportamental. Essa lógica é a mesma ligada aos instintos primários diversos.
(+) Vamos à aquarela posposta ao muro: há, portanto, na desordem dos novos tempos, um muro caído e uma ocupação de terra, e por extensão: alguém afanando um bombom, além do malandro passando à frente numa fila, etc.
(!!) Para realmente entender o fato, nosso pensamento precisa abdicar do censo (senso) comum pedagógico,o de sermos o país da corrupção, realizando uma análise de múltiplos fatores em interação no passado e no presente. À busca de uma análise crítica e discursiva da realidade, antes e depois do muro-ocupação de terra.
(-) À aquarela anteposta ao muro: em 1500, na desordem dos tempos idos, na então ilha de Vera Cruz, chegavam 13 caravelas portuguesas. Nelas, vieram as doenças seculares e nossos vícios. Estes constam no primeiro documento escrito no país, a carta de Caminha, que anunciou o “descobrimento” de novas terras ao rei dom Manuel. Aproveitou o escrivão a ocasião para pedir-lhe um emprego ao primo.
($) O “jeitinho brasileiro” ancestral ecoa ainda hoje nas filas, na queda de um muro, ou seja, o efeito direto da superfaturação de uma obra, da construção de edifícios residenciais e muros com material de péssima qualidade; ou da ganância, em detrimento de vidas humanas, para se obter dinheiro fácil e, assim, poder imediato. Um senão que “caminha desde Caminha”, nas nossas mentes, e, em situação de pedra, fecundou o inconsciente coletivo.
(®) Um exemplo marcado no 'censo' (senso) comum: “uma senhora da classe alta vive ao redor do poder. Em sua casa, há empregadas para tudo. Maria, por exemplo, para servir o café e outra para cuidar de Carlota Joaquina, uma poodle. Aquela derrama acidentalmente o café no carpete e paga com o seu próprio emprego. E a última é incumbida de passear com a cadela, às necessidades fisiológicas desta – obviamente sem nenhuma consciência cívico-ecológica, por parte da patroa ou empregada, para manter as ruas limpas. A patroa é um reflexo triste pertencente a uma sociedade que acha que tem o DIREITO de chutar uma funcionária somente por derramar café no carpete e esquece-se do DEVER de manter as ruas limpas.
(.) No Brasil, há mais DIREITOS do que DEVERES, em consequência da herança colonial que se achava no direito sobre terras do além-mar e, assim, usurpou-se dos direitos de moradores milenares que aqui habitavam e do dever de não tirar o direito de outrem.
(†) Nas caravelas, embarcaram muitos males; porém a herança pedagógico-cartesiana, na qual valoriza a fragmentação do conhecimento, perdura ainda hoje, enfatizando o binômio causa e efeito. Logo, o nosso raciocínio perde-se na poeira de um muro caído: não conceituar preservação ambiental, segundo a área especifica de cada profissão, para a assunção do disciplinar. Assim, sonegando a interdisciplinaridade.
(?!) Um simples cair de um muro pode ocasionar o surgimento da “invasão do jacaré” que, de outra forma, não teria acontecido, se o material de boa qualidade não fosse trocado, comprometendo a estrutura do muro e, logo, por influência antiética de Caminha ao malandro ou deste ao anticonservacionismo, comprometendo a estrutura da educação, da saúde, (...) do País...
(∞) Um passado-presente cheio de vícios e tramóias: da chegada da civilização à contaminação de uma cultura; da gestão de um governo que superfatura um muro a hiatos nos nossos direitos. Urge saber que responsabilidade está ligada à causa e ao efeito, pois, além desta dicotomia, há muitas implicações: reclamamos da corrupção, mas atravessamos o sinal vermelho; choramos o desmatamento da Amazônia, mas sujamos as ruas e nos encantamos ainda com os chafarizes numa era de escassez de água-valores.
(o contraponto) Assim, se não nos educarmos, e se não “educarmos a Educação”, aquele muro da COSANPA ou quem o representou na sua edificação – extensão do TRT de SP- malandro, da senhora-Caminha e da cultura predatória (...) e aquela “invasão do jacaré”– uma extensão das favelas e da pobreza – continuarão per saecula saeculorum. E isto tudo cai sobre o ambiente que é o habitat natural de tudo-todos em consequência da nossa corrupção ambiental-desmatamento da ética iluvial. Se é a natureza-homem, o pluvial-fluvial, sentinela imunológico do planeta, é hífen educacional. É mais que vigia, é muro, no qual não pode ser reconstruído.