quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A GENEALOGIA DO CAOS (a corrupção ambiental-desmatamento da ética)

By Marco Gemaque
A GENEALOGIA DO CAOS
(a corrupção ambiental-desmatamento da ética)

(?) Qual a relação entre um muro que caiu em consequência de uma trovoada, em Belém do Pará, pertencente à Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) e a ocupação de terra conhecida como “Invasão do Jacaré” sita na mesma rua? E ambas com o meio ambiente?
Há uma relação entre os fatos, cuja gravidade é um mecanismo complexo, e que, ao longo da História, é uma inércia comportamental. Essa lógica é a mesma ligada aos instintos primários diversos.
(+) Vamos à aquarela posposta ao muro: há, portanto, na desordem dos novos tempos, um muro caído e uma ocupação de terra, e por extensão: alguém afanando um bombom, além do malandro passando à frente numa fila, etc.
(!!) Para realmente entender o fato, nosso pensamento precisa abdicar do censo (senso) comum pedagógico,o de sermos o país da corrupção, realizando uma análise de múltiplos fatores em interação no passado e no presente. À busca de uma análise crítica e discursiva da realidade, antes e depois do muro-ocupação de terra.
(-) À aquarela anteposta ao muro: em 1500, na desordem dos tempos idos, na então ilha de Vera Cruz, chegavam 13 caravelas portuguesas. Nelas, vieram as doenças seculares e nossos vícios. Estes constam no primeiro documento escrito no país, a carta de Caminha, que anunciou o “descobrimento” de novas terras ao rei dom Manuel. Aproveitou o escrivão a ocasião para pedir-lhe um emprego ao primo.
($) O “jeitinho brasileiro” ancestral ecoa ainda hoje nas filas, na queda de um muro, ou seja, o efeito direto da superfaturação de uma obra, da construção de edifícios residenciais e muros com material de péssima qualidade; ou da ganância, em detrimento de vidas humanas, para se obter dinheiro fácil e, assim, poder imediato. Um senão que “caminha desde Caminha”, nas nossas mentes, e, em situação de pedra, fecundou o inconsciente coletivo.
(®) Um exemplo marcado no 'censo' (senso) comum: “uma senhora da classe alta vive ao redor do poder. Em sua casa, há empregadas para tudo. Maria, por exemplo, para servir o café e outra para cuidar de Carlota Joaquina, uma poodle. Aquela derrama acidentalmente o café no carpete e paga com o seu próprio emprego. E a última é incumbida de passear com a cadela, às necessidades fisiológicas desta – obviamente sem nenhuma consciência cívico-ecológica, por parte da patroa ou empregada, para manter as ruas limpas. A patroa é um reflexo triste pertencente a uma sociedade que acha que tem o DIREITO de chutar uma funcionária somente por derramar café no carpete e esquece-se do DEVER de manter as ruas limpas.
(.) No Brasil, há mais DIREITOS do que DEVERES, em consequência da herança colonial que se achava no direito sobre terras do além-mar e, assim, usurpou-se dos direitos de moradores milenares que aqui habitavam e do dever de não tirar o direito de outrem.
(†) Nas caravelas, embarcaram muitos males; porém a herança pedagógico-cartesiana, na qual valoriza a fragmentação do conhecimento, perdura ainda hoje, enfatizando o binômio causa e efeito. Logo, o nosso raciocínio perde-se na poeira de um muro caído: não conceituar preservação ambiental, segundo a área especifica de cada profissão, para a assunção do disciplinar. Assim, sonegando a interdisciplinaridade.
(?!) Um simples cair de um muro pode ocasionar o surgimento da “invasão do jacaré” que, de outra forma, não teria acontecido, se o material de boa qualidade não fosse trocado, comprometendo a estrutura do muro e, logo, por influência antiética de Caminha ao malandro ou deste ao anticonservacionismo, comprometendo a estrutura da educação, da saúde, (...) do País...
(∞) Um passado-presente cheio de vícios e tramóias: da chegada da civilização à contaminação de uma cultura; da gestão de um governo que superfatura um muro a hiatos nos nossos direitos. Urge saber que responsabilidade está ligada à causa e ao efeito, pois, além desta dicotomia, há muitas implicações: reclamamos da corrupção, mas atravessamos o sinal vermelho; choramos o desmatamento da Amazônia, mas sujamos as ruas e nos encantamos ainda com os chafarizes numa era de escassez de água-valores.
(o contraponto) Assim, se não nos educarmos, e se não “educarmos a Educação”, aquele muro da COSANPA ou quem o representou na sua edificação – extensão do TRT de SP- malandro, da senhora-Caminha e da cultura predatória (...) e aquela “invasão do jacaré”– uma extensão das favelas e da pobreza – continuarão per saecula saeculorum. E isto tudo cai sobre o ambiente que é o habitat natural de tudo-todos em consequência da nossa corrupção ambiental-desmatamento da ética iluvial. Se é a natureza-homem, o pluvial-fluvial, sentinela imunológico do planeta, é hífen educacional. É mais que vigia, é muro, no qual não pode ser reconstruído.