terça-feira, 14 de agosto de 2007

A Pretty Woman sempre visa à sorte de um amor tranqüilo.

Por Marco Gemaque
Recebi recentemente um e-mail, contendo um spyware, que dizia o seguinte:
Concurso criatividade brasileira.
Dê um novo fim para um filme qualquer: brasileiro ou estrangeiro e indique uma trilha sonora. Mais: ele dava a seguinte sugestão, a fim de exemplificar. O filme Pretty Woman ( uma linda mulher) com a trilha sonora “a sorte de um amor tranqüilo” de Cazuza.
Enviar para criatividadebrasileira@hotmail.com

A Pretty Woman sempre visa à sorte de um amor tranquilo.
Como eu terminaria o filme uma linda mulher(Pretty Woman) ?
A personagem de Richard Gere(Edward Lewis) adquiriria o HIV por se relacionar com uma prostituta. A personagem de Julia Roberts(Vivian Ward), a linda mulher, secaria até chegar aos dez quilos, morreria com cancro fagedênico e com uma expressão expressionista. Ele , o bonitão um bon vivant, ( um Otelo), ou seja, uma espécie de Cazuza da classe media: hedonista burguês infantil. Este gastaria milhões , a vida dele mudaria da água pro vinho, tomaria doses e doses de antivirais, cujos afeitos colaterais sentiria no corpo e na alma: vômitos, diarréias constantes, queda de cabelos por todo corpo, impotência , alcoolismo, etc etc Uma buceta de Pandora se abriria no meio do seu peito.No fim, suicidar-se-ia ..... jogar-se-ia de sua cobertura e cairia em cima de um porsche .Detalhe: uma prostituta passará na hora do episódio e por ironia roubaria sua carteira e sapato. Lógico, o final todo musicado com a Suite No.3 in D de Bach.

Por que esse fim seria mais vantajoso?
Porque anularia a paixão positiva, o final feliz ( o mocinho com a mocinha) que petrifica o senso crítico; porém, o final niilista abriria mais a possibilidade de criticar.
O trágico nos policia mais em relação à AIDS. Não faríamos, ainda que voluntariamente ou involuntário, apologia à prostituição, à barganha, ao consumismo, etc.

E quanto a sorte de um amor tranqüilo.

Cazuza até escreveu algumas coisas boas, porém era um péssimo exemplo para uma pessoa que visa a uma perspectiva com responsabilidade. Ele acreditava, fruto até de uma mentalidade confusa, recheadas de Marxismo sectário, após ditamole militar e aulas, sem amarras interdisciplinares, alienantes de literatura que ecoam até hoje um coro imbecilógico : a burguesia fede, a América é o grande satã, carpe diem, alea jacta est ... Pois, deu no que deu, morreu por consequência de um hedonismo infantil e junto com ele: Janis Joplin, Hendrix, Renato Russo, Cássia Eller, etc. Aquela sorte de um amor tranqüilo dele se personificava em sexo irresponsável, “enquanto falamos, foge o tempo inimigo / aproveita o dia sem acreditar o mínimo no amanhã.”. Agora, o Cazuza é culpado pela nossa reificação? Claro que não, não obstante é um arauto significante da nossa imbecilidade coletiva.
Um gênio indomável escreveu isto -
(Codinome Beija-Flor)
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome,
Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua,
Beija-florQue só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

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