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tempo deve parar para o hedonismo responsável
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TEMPO DEVE PARAR PARA O HEDONISMO RESPONSÁVEL
De Marco Gemaque
Se o pastor Marcos Feliciano, presidência da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara, é racista, homofóbico ou não, etc, não é meu medo. Meu grande medo
e pavor são os “ heróis” que sairão desta estrovenga: o medo de aproveitar-se
da nossa tendência quase retardada ao sectarismo. Isto sim é pior, pois a gritaria, às cegas,
acerca de uma frase descontextualizada e infeliz no Twitter com 140 caracteres –
é ficar limitado ao exercício do analfabetismo funcional. Ou analfabetismo
funcional e ficcional de figuras públicas e midiáticas que só sabem twittar o monossilábico: “ ele é homofóbico e racista;
esse pastor é escroto sem noção; ele é um e dois e três filho da mãe e assim
vai até não chegar a lugar nenhum.
Aliás, chega-se a um “sem pódio
de chegada ou beijo de namorada” como escreveu Cazuza numa canção que é a cara dos anos 80:
“O Tempo Não Para”. Esta letra que é uma grande confusão quando o poeta do rock
se metia a falar sobre política, a refletir muito bem a personalidade do autor
da letra e à guisa de pensar da época: a política de miolo mole. O excerto supracitado do hedonismo
irresponsável da Idade Contemporânea é eco de um poema mal interpretado de Horácio,
poeta da antiga Roma, que escreveu acerca do hedonismo responsável ou sem
perder o foco no futuro: o famoso Carpe
diem ou colhe o dia.
O
Carpe diem mal interpretado e
distorcido – alimento do sectarismo ao longo dos tempos – contribuiu para matar
os nossos heróis, conforme o próprio
Cazuza novamente: “ Meus heróis morreram de overdose”, inclusive ele, morto
pela mesma dose, que queria beber ou viver como se fosse a última vez. Não foi herói dele mesmo.
E mais, o hedonismo irresponsável deixou
esquizofrênico grande parte do corpo docente do País e, consequentemente, o discente, com uma interface política e pedagógica, cujo tempo parou negativamente.
Parou no epicurismo World Wide Web, ou seja, pessoa dada aos deleites do Ctrl C
e Ctrl V; parou na omissão institucional que deixa a cocaína chegar até a mesa do
Chorão anti-herói dele mesmo, etc.
Nossos maiores inimigos não estão
no Poder, e sim nos estamentos seculares que não nos deixam ser mais fortes que
os nossos heróis postiços achados nas páginas das ruas da internet. E não nos
deixam ser heróis de nós mesmos. Se não sermos heróis de nós mesmo, toda
percepção e crítica sobre o mundo
tornar-se-ão comprometidas.
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