terça-feira, 10 de julho de 2007

A rainha e o feiticeiro das ciências.


Por Marco Gemaque

A rainha e o feiticeiro das ciências.

Albert Einstein dizia que a música era a matemática em movimento: “a música, de perfeita, é pura como a matemática! A matemática, de simples, é deslumbrante como a música. E mais: A música parece uma equação; a equação bem formulada é cheia de harmonia e sonoridade”. O gênio de Einstein acreditava na beleza poética da física que era destilada em todo universo em forma de astros, estrelas e constelações. Talvez fosse a idéia da infinita harmonia que o fez um físico teórico: o mistério.Na física assim como na poesia, há esse mistério.A simbiose entre números, fórmulas, letras, verbo e um pouco de misticismo gerou a física poética einsteiniana. A pedra angular da Teoria da Relatividade, que mostrou a equivalência entre matéria e energia, é expressa pela famosa equação: E= m.c 2 onde" E " é equivalente à energia," m" é equivalente à massa e "c2" é igual à velocidade da luz ao quadrado. Resumindo: quanto mais você destila energia em um corpo( massa) ele voltará em forma de energia pura, isto numa acepção macro( macroescala )à velocidade da luz. No universo das letras , e acredito também no universo da Física Moderna,o universo macro e micro são compatíveis, há conexões causais - uma biblioteca inteira para explicar um fenômeno social e um simples poema (o urubu mobilizado) para explicar o mesmo fenômeno ou um átomo e um universo inteiro - uma sincronicidade.


Vejamos dois exemplos, Macro e Micro que explicam o mesmo fenômeno:


"MACROESCALA" PRA EXPLICAR UM DESCASO SOCIAL

Muribeca, de Marcelino Freire

“Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho? E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É.Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor. Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro? Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro - o moço tá servido? A moça?Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta - roupa nova, véu, grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de noiva, até a aliança a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito bicho morto. Muito homem, muito criminoso. A gente já tá acostumado. Até o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só ficar calado. Agora,o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho. Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.


"MICROESCALA" PRA EXPLICAR UM DESCASO SOCIAL


O urubu mobilizado, de João Cabral de Melo Neto

“Durante as sêcas do Sertão,
o urubude urubu livre, passa a funcionário.
O urubu não retira, pois prevendo cedo
que lhe mobilizarão a técnica e o tacto,
cala os serviços prestados e diplomas,
que o enquadrariam num melhor salário,
e vai acolitar os empreiteiros da seca,
veterano, mas ainda com zelos de novato:
aviando com eutanásia o morto incerto,
êle,que no civil que o morto claro.
2.

Embora mobilizado, nesse urubu em ação
reponta logo o perfeito profissional.
No ar compenetrado, curvo e conselheiro,
no todo de guarda-chuva, na unção clerical,
Com que age, embora em pôsto subalterno:
êle, um convicto profissional liberal.”
ou poderíamos usar também:



O Bicho , de Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.





O economista britânico John Maynard Keynes , o Einstein da economia para o socialismo marxista, legou para os papas da economia tupiniquim um ininteligível universo de curvas, equações e modelos matemáticos obtusos , à revelia do raciocínio sintético dedutivo verbal de Adam Smith, elevando a economia moderna ao status lune. Assim, cortando mortalmente um princípio cientifico chamado de navalha de Occam. Esse princípio reza que “não se deve complicar desnecessariamente o que pode ser enunciado de modo mais simples.”Ao contrário da física poética , onde não há prerrogativas proselitistas, e sim beleza. A economia moderna ( macroeconomia) com todo seu filigrana ilógico só servem para sonegar o princípio fundamental e passam para os leigos, e até para os acadêmicos, um academicismo falseado. Se a pilastra central da Teoria da Relatividade dita que E= m.c2 , então a pilastra central da Economia Moderna brasileira dita (E = d.c2 ), ou seja, “E” é o equivalente à economia keynesiana ininteligível, em nível de partículas subatômicas(paralogismo), “ d “ é equivalente aos desastres sociais causados pelo bomba atômica “cientificilista” de Guido Mantegna, Luiz Beluzzo, etc e “c2” é equivalente à velocidade com que isto acontece , num espaço sem tempo relativo, onde se estica o tempo absoluto. Basta olhar a história esticada - dos planos Bresser Pereira a Guido Mantegna. Se a matemática era a rainha das ciências para Einstein, é  no Brasil de Lula uma tabuada do feiticeiro: uma tabuada onde só cabe estatística, o recrudescente positivo. De um lado, Guido preocupado com o verniz de ouro de tolo da macroeconomia e do outro lado Lula preocupado com microeconômica no seu sentido mais puro: político. A mic®o política da estatísticas macros: um sonho macro estatístico de um Estado de analfabetos funcionais e “intelectuais”.Um Estado educado à imagem e modus operandi do conselheiro,ensinando-nos com palmatória de veludo, numa física sem mistérios e poesia, munidos com a irresistível discriminação positiva: UNIVERSIDADE PARA TOLOS (ProUni).

Pior: eles, os reificados, nunca dão as mãos à palmatória.E assim caminha a faculdade muribeca parindo o bicho universitário de cada dia. O urubu mobilizado na espreita esperando a extrema-unção do graduado morto que o feiticeiro conselheiro cuida: calcula, a fim de manter a sua Progressão Geométrica ou Progressão Tranquibérnica.

"Não podemos desesperar dos homens, pois somos homens" de Albert Einstein.

3 comentários:

  1. O Lula vai te processar ,
    corrompestes a logomarca da Unversidade para todlos.
    Agora, vai logo preparando a da TV pública,
    do Instituto Chico Mendes.
    e tão dizendo por ai que o MEC será trocado por
    Instituto Paulo Freire. Mais comunista.

    “Tutti buona gente.”

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  2. Marco já estão disponíveis os trabalhos , premiados
    do I CONCURSO LITERATURA PARA TODOS.
    Tem coisa maravilhosa
    Agora , saber se os tolos vão entender.

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